Introdução
A perturbação de défice de atenção/hiperatividade (PHDA) é uma perturbação comum do neurodesenvolvimento, frequentemente diagnosticada na infância, com sintomas que persistem na idade adulta. Com o aumento do número de diagnósticos, é vital compreender a PHDA, as suas manifestações e as estratégias de tratamento eficazes. Este artigo irá aprofundar a natureza da PHDA e a utilização do metilfenidato e dos seus análogos no tratamento.
Parte I: O que é a PHDA?
Compreender os princípios básicos
A PHDA é uma doença crónica que afecta milhões de crianças e que frequentemente se prolonga até à idade adulta. Envolve uma combinação de problemas persistentes, como a dificuldade em manter a atenção, a hiperatividade e o comportamento impulsivo.
A neurobiologia da PHDA
Pensa-se que a PHDA tem origem num desequilíbrio dos mensageiros químicos, ou neurotransmissores, no cérebro. A dopamina, em particular, desempenha um papel fundamental na fisiopatologia da PHDA. Estudos de neuroimagem sugerem que os indivíduos com PHDA têm padrões diferentes de atividade cerebral e de conetividade, especificamente em áreas responsáveis pela atenção, controlo dos impulsos e função executiva.
Os principais sintomas
- Desatenção: Os indivíduos podem ter dificuldade em prestar atenção, organizar tarefas, seguir instruções e concluir o trabalho. Podem também perder frequentemente objectos necessários para tarefas ou actividades.
- Hiperatividade: Inquietação constante, conversa excessiva e dificuldade em permanecer sentado.
- Impulsividade: Atuar sem ter em conta as consequências, interromper, não saber esperar e intrometer-se nos outros.
Classificação
A PHDA pode ser dividida em três tipos: tipo predominantemente desatento, tipo predominantemente hiperativo-impulsivo e tipo combinado.
Parte II: Estratégias de tratamento
Uma abordagem de tratamento multimodal, incluindo medicação, psicoterapia, educação e formação, é amplamente aceite como o tratamento mais eficaz para a PHDA.
Metilfenidato: O tratamento de primeira linha
Entre os tratamentos medicamentosos disponíveis, o metilfenidato (MPH) e os seus análogos são o tratamento de primeira linha mais prescrito para a PHDA em crianças e adultos.
Farmacologia do metilfenidato
O MPH actua principalmente através do bloqueio da recaptação da dopamina e da norepinefrina no cérebro, aumentando assim a sua concentração na fenda sináptica, o que, por sua vez, ajuda a melhorar os sintomas da PHDA.
Tipos de metilfenidato
A MPH apresenta-se sob várias formas, incluindo libertação imediata (Ritalin, Methylin), libertação prolongada (Metadate ER, Methylin ER), ação prolongada (Ritalin LA, Metadate CD, Concerta) e ação ultra-longa (Jornay PM, Adhansia XR).
Análogos de MPH
As anfetaminas (como o Adderall) são consideradas análogas ao MPH. Estas substâncias funcionam de forma semelhante à MPH, aumentando os níveis de determinados neurotransmissores no cérebro, embora o façam de formas ligeiramente diferentes.
Parte III: Eficácia e segurança comparativas
Metilfenidato vs Anfetaminas
Embora ambos sejam eficazes no tratamento da PHDA, alguns estudos sugerem que as anfetaminas podem ser mais potentes na redução dos sintomas da PHDA. No entanto, as anfetaminas podem também estar associadas a um risco ligeiramente superior de efeitos secundários.
Efeitos secundários
Os efeitos secundários comuns do metilfenidato e dos seus análogos incluem diminuição do apetite, dores de estômago, irritabilidade e insónia. Os efeitos secundários menos comuns, mas mais graves, podem incluir atraso no crescimento (altura e peso) em crianças, convulsões e alterações na visão.
Parte IV: Individualização do tratamento
Embora a MPH e os seus análogos continuem a ser o tratamento farmacológico mais comum para a PHDA, é crucial lembrar que a resposta de cada doente à medicação é diferente. Factores como a idade, o sexo, a comorbilidade e a variabilidade genética podem influenciar a resposta aos medicamentos.
Factores genéticos
Vários genes têm sido associados ao TDAH e podem influenciar a eficácia e a tolerabilidade do MPH e seus análogos. Por exemplo, as variantes nos genes que codificam os transportadores ou receptores de dopamina podem afetar a resposta do doente à medicação.
Medicina personalizada
O campo da medicina personalizada tem como objetivo utilizar informações genéticas e outras informações individualizadas para adaptar os planos de tratamento. No caso da PHDA, isto pode significar a utilização de testes genéticos para ajudar a prever a resposta de um doente à medicação.
Conclusão
A PHDA é uma perturbação complexa com uma série de manifestações. O metilfenidato e os seus análogos continuam a ser o tratamento de primeira linha devido à sua eficácia no controlo dos sintomas da PHDA. No entanto, é essencial lembrar que cada doente é único, exigindo uma abordagem personalizada ao tratamento. O futuro do tratamento da PHDA pode estar no domínio da medicina personalizada, em que a composição genética de cada indivíduo pode ajudar a orientar o melhor plano de tratamento.
Embora muito se tenha aprendido sobre a PHDA, muito permanece desconhecido e é necessária investigação contínua para proporcionar os tratamentos mais eficazes para as pessoas que vivem com esta doença. A compreensão dos benefícios e limitações dos tratamentos farmacológicos actuais, como o metilfenidato e os seus análogos, continuará a ser da maior importância.
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